A Secretaria Estadual de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) estabeleceu, nesta terça-feira (31), uma comissão formada por delegadas da Polícia Civil do estado, para elaborar um regulamento de combate à violência contra mulher baseado no protocolo espanhol 'No Callem'.
A decisão veio depois do estupro e assassinato da estudante universitária Janaína Bezerra, de 22 anos, dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI). O protocolo espanhol, conhecido como "No Callem", foi criado para combater agressões sexuais e violência machista com foco nas vítimas, para receberem o melhor e mais efetivo atendimento.
A comissão foi formada durante reunião entre o secretário estadual de Segurança, Chico Lucas, a secretária estadual da mulher, Zenaide Lustosa, e delegadas das Delegacias de Proteção dos Direitos da Mulher (Deams).
“A gente tem que mostrar para a sociedade que a violência de gênero é um problema geral. Às vezes, a gente fica terceirizando, colocando só na responsabilidade dos atores estatais, quando, na verdade, é um problema doméstico, de educação, de saúde. Nós temos que envolver as escolas, os hospitais, bares, restaurantes e os veículos de comunicação”, afirmou o secretário de segurança do Piauí.
Segundo especialistas em segurança, o protocolo espanhol foi seguido a risca no caso do jogador brasileiro de futebol Daniel Alves, preso sob acusação de estupro em uma casa noturna na Espanha.
O protocolo 'No callem'
O protocolo No Callem foi criado pelo governo de Barcelona em 2018 para combater agressões sexuais e violência machista em espaços de lazer da cidade, como discotecas e bares.
Os responsáveis pela criação do protocolo No Callem afirmam que ele inovou ao envolver o setor privado de lazer na luta contra a violência de gênero. Em 2019, uma pesquisa mostrou que, na Catalunha, uma em cada dez agressões sexuais ocorre em bares e casas noturnas.
Um ponto central do protocolo é deslocar a atenção para as vítimas do abuso ou da agressão sexual. A prioridade das ações deve estar nelas, e não no agressor.
O protocolo dá um papel de destaque aos funcionários dos estabelecimentos, que devem ser capacitados para saber como prevenir e identificar a violência sexista e como agir em casos de agressão ou assédio sexual.
Cinco princípios
O protocolo No Callem se orienta por cinco princípios:
A partir desses cinco princípios, o protocolo é estruturado em três eixos: as ações de prevenção, as instruções para identificar um caso, e as instruções sobre como lidar com um caso de agressão ou abuso sexual.
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