Um dia desses uma colega professora me enviou um punhado de poemas de uma aluna dela e me pediu que fizesse uma apreciação. Isso acontece muito. Quase todas as semanas pessoas me enviam textos em prosa e poesia e pedem minha opinião sobre seus escritos.
Costumo dar retorno, porém, sou muito honesto. Dou minha opinião sincera, mas sou educado também. Antes de mais nada, estimulo as pessoas a escrever e, sobretudo, a ler bons autores.
Tenho tido gratas e boas surpresas ao ler esses textos que me são enviados. A última delas foi a boa impressão que os poemas de uma moça chamada Maria da Conceição Uchôa Gomes, da comunidade Vereda, município de Milton Brandão me enviou. Vou deixar que ela mesma se apresente e, depois, apresentarei aos leitores dessa coluna dois de seus poemas. Boa leitura..
Com a palavra, nossa poetisa:
“Meu nome é Conceição, tenho 24 anos. Parei de estudar aos 19, quando engravidei, e por isso precisei dar uma pausa nos meus sonhos acadêmicos. Sou filha de mãe solo e fui criada pelos meus avós, que sempre me deram muito amor e força. Tenho uma melhor amiga, Renata, que sempre me incentiva a continuar escrevendo e a correr atrás dos meus sonhos.
Hoje, voltei a estudar com determinação e esperança. Sonho em fazer sucesso com meus poemas e, futuramente, me formar em Letras. Cada linha que escrevo é um passo mais perto de transformar esse sonho em realidade”.
A PIOR COISA É SER ESCRAVO DA IGNORÂNCIA
A pior coisa é ser escravo da ignorância,
Esquecido pelo amor, sem esperança.
Vencido pela dor que insiste em ficar,
Consumido pela tristeza a me dominar.
Ser assunto na boca de quem não tem valor,
Perder desculpas sem estar em erro ou favor.
Ignorada, querendo apenas falar,
Minha boca silencia, não quer mais gritar.
Meus olhos já não choram como antes,
E minha dor não dói mais constante.
Morri estando viva, perdida na solidão,
Um coração cansado, cheio de desilusão
TER UMA GUERRA EXPOSTA, SEM SABER LUTAR,
Ter uma guerra exposta, sem saber lutar,
Viver sem sentido, sem saber respirar.
Chorar sem lágrimas, falar sem voz,
Fechar os olhos, mas dormir não é algo atroz.
Beber sem sede, fome sem pão,
Chuva que cai, mas não traz tempestade.
Rei sem trono, rainha sem coroa a brilhar,
Vontade de viver que insiste em faltar.
Morreu com essa ânsia dentro de si,
Um desejo oculto de simplesmente existir.
(*) foto enviada pela poetisa
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor aposentado do estado (ainda leciona na rede municipal de educação), poeta e escritor. Presidente da APLA – Academia Pedro-segundense de Letras e Artes, membro da UBE-PI, ALVAL e do IHGPI. Formado em Letras pela UFPI, onde também fez mestrado. Membro fundador do Coletivo P2. Pertence aos coletivos ‘Amigos da Literatura’ e Coletivo Literário de São Benedito, CE. É autor, dentre outros livros de “Debaixo da Figueira do Meu Avô” (Livraria Entrelivros, Teresina). Atualmente prepara três novos livros, dente estes “História, Geografia e Literatura de Pedro II, Piauí” (livro didático para escolas de Pedro II). Escreve aos sábados para o Portal P2.
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