Ontem, 18 de abril, foi Sexta-feira Santa, dia de reflexão, de contrição e de oração. Foi também o dia do nascimento de José Bento Monteiro Lobato (1882-1948) e, por consequência, o Dia Nacional do Livro Infantil. A data foi escolhida por meio de um projeto do Congresso Nacional, que resultou na Lei nº 10.402, de 2002.
Lobato era um inquieto, quando criança já fazia das suas, quando, por exemplo, declarou à família que não iria fazer a primeira comunhão. Adulto, foi a primeira pessoa no Brasil a lutar pelo petróleo. Em sua homenagem o primeiro poço de petróleo perfurado no Brasil foi batizado de “poço Lobato’. Foi ainda editor e dono de gráfica, que faliu. Foi também pintor clássico.
Escreveu livros para o público adulto (Urupês, o mais conhecido). Contudo, foi como escritor de literatura infantil (agora denominada de ‘Literatura para a Infância’) que o criador de O Sítio do Pica-pau Amarelo é mais conhecido. Verdadeiro criador de mundos, Lobato, por décadas reinou absoluto e surfou a imaginação de dezenas de gerações.
Nos últimos tempos, em função dos excessos que o ‘politicamente correto’ trouxe, Monteiro Lobato passou a ser taxado de preconceituoso, misógino, e de outras coisas mais de que até Deus duvida.
Mas toda obra de arte está trelada a seu tempo e às circunstâncias de então. Dizer que Lobato era um autor preconceituoso, racista, é procurar cabelo em sua obra. Preconceituosa é a sociedade brasileira como um todo, mesmo nos dias que correm.
A obra lobateana é muito mais que tudo isso. Trata-se de uma obra plural. Os livros infantis escritos por Lobato criaram uma avenida na literatura nacional, que não existia antes dele. A personagem Emília, por exemplo, que muitos estudiosos insistem em ver nela o alter ego desse autor, é simplesmente adorável.
Portanto, leiamos Lobato, retomemos seus livros e os leiamos, os de literatura adulta e os de literatura infantil. Feliz de um país que tenha tido um Lobato. Nós o tivemos. Precisamos mantê-lo nosso. Viva o Dia de Lobato. Viva a literatura para a infância.
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ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. Membro das academias ALVAL e APLA (da qual é o atual presidente), pertence à UBE, IHGPI e aos coletivos literários Amigos da Literatura e Coletivo Literário de São Benedito, CE, é membro fundador do Coletivo P2. Autor de diversos livros, dentre eles “Lendas da Cidade de Pedro II”, Estripulias de Rosa Doida (livro infantil) e (Livraria Entrelivros e Tenda da Cruviana). Publica poemas e prosa em suas redes sociais. Atualmente encontra-se em Teresina, em fase de finalização, o livro didático “A História, a Geografia e a Literatura de Pedro II, PI”. Escreve aos sábados para o Portal P2.
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