O EVENTO
Aconteceu ontem, 4 de julho de 2025, a solenidade de posse à Academia de Letras da Magistratura Piauiense (ALMAPI), o acadêmico Olímpio José Passos Galvão. O atual presidente dessa academia é o desembargador Luís Brandão. Tanto ele quanto Olímpio, por sua vez, são também acadêmicos da nossa APLA – Academia Pedro-segundense de Letras e Artes, cuja presidência está sob nossa responsabilidade no presente.
O evento ocorrido no auditório Ciro Nogueira (antigo Claudia Eventus), na cidade natal de Olímpio, Pedro II, contou com participação massiva de acadêmicos e acadêmicas de ambas as academias, com autoridades locais e estaduais, dentre essas autoridades, a prefeita de Pedro II Betinha Brandão, o deputado (e acadêmico da APLA e da APL) Wilson Brandão, além de familiares de Olímpio Galvão, amigos e amigas, e da imprensa local.
O LIVRO
Não direi que já tive acesso ao livro “Mundote Sempre Presente”, de autoria de seu filho Olímpio Galvão. Direi apenas que Mundote já foi tema de outros livros de Chaguinha Gomes e de textos meus, além de ter sido um de meus entrevistados para a minha dissertação de mestrado sobre garimpeiros de opala de Pedro II. Oportunamente falaremos sobre o livro.
O HOMEM e o MITO
Mundote Galvão foi um homem múltiplo. Sabia lidar tanto com a elite pedro-segundense quanto com o povo, as pessoas mais simples. Como vereador, foi eleito efetivamente com o voto popular. Tomava tanto whisky com os grã finos, como cachaça com os garimpeiros e o pessoal que trabalhava no mercado público.
Foi dono de quiosque onde vendia pão com garapa de cana, com a mesma desenvoltura de quem encontrou a maior gema de opala de todos os tempos.
Costumava comprar de nós, meninos na década de 1970, nossos vidrinhos cheinho de água com pedregulhos de opala furta cores só pra nos agradar. Com o dinheiro proveniente de nossas vendas, comprávamos mariola e pão do Santo.
Seu Mundote, como era conhecido, costumava ajudar Deus e o mundo, como seu dinheirinho miúdo. Nunca ninguém saída de perto dele de mãos abanando.
Nas tarde de sábado e domingo, porém, ele era ‘o homem do galaxie’. Dentro daquele carrão de 5,413 metros de comprimento, 1,999 metro de largura e 3,020 metros entre os eixos e 107 litros de gasolina, Mundote, com brilhantina no cabelo, camisa de seda verde aberta no peito crivado de cabelos ruivos recendendo a lavanda Atkinsons, calça de tergal cinzada, sapato cavalo de aço, com meias pretas, relógio Roscoff prateado no braço, óculos Ryban escuro, anel de ouro maciço com uma gema de opala negra encrustada, aquele homem desfilava pelas ruas da cidade com o toca fitas reproduzindo as vozes de Nelson Gonçalves, Agnaldo Timóteo, Ângela Maria, Dalva de Oliveira e tantos outros ícones de nosso cancioneiro.
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ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor aposentado do estado (ainda leciona na rede municipal de educação), poeta e escritor. Presidente da APLA – Academia Pedro-segundense de Letras e Artes, membro da UBE-PI, ALVAL e do IHGPI. Formado em Letras pela UFPI, onde também fez mestrado. Membro fundador do Coletivo P2. Pertence aos coletivos ‘Amigos da Literatura’ e Coletivo Literário de São Benedito, CE. É autor, dentre outros livros de “Debaixo da Figueira do Meu Avô” (Livraria Entrelivros, Teresina). Atualmente prepara três novos livros, dente estes “História, Geografia e Literatura de Pedro II, Piauí” (livro didático para escolas de Pedro II). Escreve às quintas-feiras para o Portal News Piauí.
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