A noite estava realmente aconchegante. A temperatura amena trazia um bem estar às pessoas sentadas ali nas cadeiras à calçada. Olha que sentir a brisa vinda desde o Morro do Gritador era uma dádiva divina, como sempre dizia vovó Luíza.
Os meninos se empanturravam com bolo de milho, broa, pipoca, rapadura, tudo, tudo botado pra dentro do bucho com café tinindo de quente, que tia Lulu era por demais ciumenta.
Naquela noite de julho, não passava ainda das sete horas quando Belezinha começou a contar a história. Como era segunda-feira, todos sabíamos que a dita cuja se estenderia até à sexta-feira, quando, então, seria concluída.
Éramos ao todo umas vinte pessoas, contando adultos e crianças, todos sentados debaixo da figueira que ficava logo abaixo da calçada do meu avô.
Naquele tempo não havia televisão e as noites eram recheadas de céu estrelado, xícaras de café, roda de bolo e tudo o mais que se trazia.
Pois quando Belezinha mal tinha começado a contar a história, após os prolegômenos nos quais o homem gesticulava, ia e vinha com as mãos fazendo piruetas no ar, eis que de repente... [continua].
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É membro das academias APLA e ALVAL, faz parte do IGHPI e da UBE. Membro fundador do ColetivoP2. Autor de inúmeros livros, dentre eles “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Escreve aos sábados para o Portal P2.
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